Energia Solar Espacial: das estrelas para a Terra.
- Gaia

- 10 de set.
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A busca por soluções sustentáveis já extrapolou os limites do planeta Terra, buscando soluções que alcançassem as estrelas. Todos sabemos que a energia fotovoltaica é um recurso poderoso de eletricidade renovável, ou seja, que faz uso dos raios solares para produzir energia sem prejudicar o meio ambiente. Mas está sujeita às condições climáticas e o ciclo de dia e noite do planeta. E se não precisasse estar? Se a luz das estrelas pudessem ser absorvidas ininterruptamente? Aí que entra a energia solar espacial.
A energia solar espacial (SBSP – Space-Based Solar Power) consiste em captar a luz solar fora da atmosfera terrestre, onde a radiação é mais intensa e contínua, e transmiti-la à Terra por meio de micro-ondas ou lasers. Sistemas orbitais, compostos por painéis solares, antenas transmissoras e receptores terrestres (rectennas), coletam energia 24 horas por dia, em qualquer ponto do planeta, sem interrupções causadas por nuvens ou ciclos diurnos.

Vantagens
Geração contínua: energia disponível 24/7, independentemente do clima ou ciclo solar.
Alta densidade energética: luz solar na órbita é mais intensa e constante comparada à superfície terrestre.
Geração limpa e livre de carbono: sem emissão direta de gases de efeito estufa e com menor uso de terras.
Suporte à rede: pode complementar energias renováveis terrestres, reduzindo a necessidade de armazenamento e melhorando a estabilidade da rede.
Desafios
Elevado custo inicial: o lançamento e construção de estruturas espaciais é extremamente caro e complexo.
Ambiente espacial hostil: radiação, micro-meteoroides e degradação acelerada dos painéis afetam sua durabilidade.
Transmissão energética complexa: exige tecnologia confiável para transmitir energia via micro-ondas ou laser com segurança e eficiência.
Risco ambiental e regulatório: preocupações com exposição humana, interferência em satélites e regulamentação do espaço e do espectro.
Concorrência com renováveis terrestres: o avanço de energia solar e eólica no solo pode tornar a SBSP menos atraente economicamente, dependendo do custo.
Projetos e Iniciativas em Desenvolvimento
Diferentes projetos para soluções de energia solar espacial estão em desenvolvimento, por ser uma tecnologia nova, ainda estão na fase de testes, mas prometem um futuro promissor para geração de energia limpa.
Pesquisadores do King's College London publicaram um estudo mostrando que, com certo design (uso de heliostatos espaciais), a SBSP poderia reduzir até 80 % da necessidade de energia renovável terrestre na Europa, reduzir custos do sistema em até 15% e diminuir a dependência de baterias em mais de 70 %.
SOLARIS (ESA, Europa)
O projeto SOLARIS, da Agência Espacial Europeia (ESA), está em fase de estudos de viabilidade e testes em solo. A ESA contratou empresas como Thales Alenia Space e Arthur D. Little para desenvolver conceitos e analisar a maturidade tecnológica, os custos e os benefícios da energia solar espacial. O plano é avançar para um demonstrador em órbita por volta de 2030, se os estudos atuais confirmarem que a tecnologia é viável tanto técnica quanto economicamente.
Caltech – SSPD-1 (Estados Unidos)
O projeto Caltech Space Solar Power Demonstrator (SSPD-1), lançado em janeiro de 2023, validou tecnologias-chave: estruturas dobráveis (DOLCE), variados tipos de células fotovoltaicas (ALBA) e transmissão por micro-ondas (MAPLE). O experimento foi bem-sucedido e forneceu dados valiosos para futuros sistema.
Space Solar (Reino Unido e Islândia)
A empresa britânica Space Solar, em parceria com iniciativas na Islândia, planeja lançar até 2030 um satélite demonstrador de SBSP com capacidade de 30 MW — suficiente para abastecer cerca de 3 000 residências. A meta é, até 2036, operar um conjunto de seis satélites com capacidade na casa dos gigawatts, entregando energia 24/7 a custos competitivos — estimados a cerca de 25% do valor da energia nuclear (US$ 2,25 bilhões por GW).
Estação da China
A China planeia construir uma gigantesca estação de energia solar no espaço, a 36 mil km de altitude, para captar energia solar ininterrupta e transmiti-la para a Terra através de micro-ondas. Este ambicioso projeto visa gerar energia de forma limpa e sustentável, aproveitando a captação constante de luz solar, sem depender das condições meteorológicas ou do ciclo dia-noite terrestre.
Embora o projeto ainda esteja em fase de planejamento, a China já está a realizar testes e a desenvolver a tecnologia necessária, com o objetivo de iniciar operações comerciais na próxima década. Com seu primeiro protótipo de usina espacial programado para 2030 com 500 kW. Em 2035 é a previsão para uma estação totalmente operacional de 20 MW, ficando o planejamento de sua forma final para apenas 2050, com 2 GW de potência.
Valorização das Instalações Fotovoltaicas
As estações espaciais solares prometem que este tipo de tecnologia ainda pode contribuir muito para o desenvolvimento sustentável da humanidade. A tendência é que a valorização de instalações de energia solar, especial através de certificações ambientais como Energia Limpa da Gaia Certificadora Ambiental.
Uma instalação de energia renovável certificada como Energia Limpa, aumenta o valor do projeto, tem sua autonomia atestada e tem como comprovante uma estimativa de Gases de Efeito Estufa de deixam de ser emitidos pelo uso consciente de eletricidade. Muitos empreendimentos já contam com esse diferencial logo na instalação. É o poder do futuro autenticado por um selo verde.
Visão Futurista
A SBSP oferece um futuro atraente: geração contínua, limpa e globalmente distribuída, com potencial de reduzir a necessidade de armazenamento e fósseis. No entanto, ainda precisa superar altos custos, desafios tecnológicos e regulamentares. Programas como o SOLARIS (Europa), o demonstrador da Caltech, as iniciativas da Space Solar e da China representam passos tangíveis nesta direção.
A adoção em larga escala pode demorar algumas décadas, mas a perspectiva de complementar energias terrestres e permitir um fornecimento global sustentável torna a busca pela energia solar espacial uma missão essencial no caminho para a descarbonização planetária.
Fontes:



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