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10 dias de COP30 Amazônia

  • Foto do escritor: Gaia
    Gaia
  • há 6 dias
  • 10 min de leitura

Nos 10 dias da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em Belém (Pará, Brasil), surgiram várias iniciativas importantes para impulsionar a implementação da agenda climática. Esses dias foram marcados por lançamentos estratégicos, compromissos financeiros, mobilização social e tensões políticas. Entre tantas discursos, fica a promessa agridoce, de um futuro que nem todos compartilham.


Os EUA não mandou um embaixado para a COP30, o que pode influenciar negativamente a influência de diversos players no mercado. Sob o governo Trump, as emissões de carbono nunca foram tão incentivadas, fica claro a falta de compromisso ambiental do país. A China por outro lado foi um grande player que além de participar, mandou um presente para o Brasil: Uma estátua de bronze do Espírito Guardião Dragão-Onça feita pela artísta Huang Jian.


Houve muitos manifestos indígenas e problemas de segurança durante os 10 dias do evento. O próprio presente da ONU chegou a enviar uma carta quando a COP30 foi invadida por manifestantes em um dos dias, o que chamou atenção para falta de organização e infraestrutura do local. Apesar de tudo, ela tem sido chamada de “COP da Implementação”: uma conferência voltada para transformar compromissos em ações concretas.


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10 de novembro (Segunda-feira)


Tema: A COP30 abriu oficialmente com a adoção rápida da agenda da conferência, sinalizando um forte consenso entre os países.


  • O embaixador André Corrêa do Lago foi eleito presidente da COP30, reforçando o papel brasileiro na condução desta edição.

  • A tecnologia ficou em evidência como ferramenta de adaptação: lançou-se o Green Digital Action Hub, uma plataforma para facilitar inovação climática por meio de dados e cooperação digital.

  • Também foi anunciado o AI Climate Institute, com o objetivo de capacitar países em desenvolvimento para usar inteligência artificial em ações climáticas, com modelos de IA adaptados a contextos locais.

  • Na agricultura, houve compromissos da Fundação Gates para investir em inovações para agricultores vulneráveis. Segundo a síntese, US$ 1,45 bilhão é destinado para apoiar adaptação de pequenos agricultores em regiões como África Subsaariana e Sul da Ásia.

  • No âmbito da adaptação financeira, o Fundo para Resposta a Perdas e Danos (Loss & Damage) foi operacionalizado e lançou seu primeiro edital com US$ 250 milhões.

  • Bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) reforçaram seu aporte para adaptação, com mais de US$ 26 bilhões direcionados para países de baixa e média renda em 2024, segundo os organizadores da COP30.

  • Também foi reafirmado o compromisso social-climático por meio da Declaração de Belém sobre Fome e Pobreza, apoiando a criação de uma parceria para proteção social resiliente ao clima e financiamento da agricultura familiar.

  • Um “Studio de Inteligência da Natureza” foi anunciado, para promover inovações inspiradas na biodiversidade — por exemplo, usando modelos biológicos para resolver desafios energéticos.


Reflexão: o primeiro dia já deixou claro: essa COP quer traduzir discursos em ações concretas, especialmente por meio da tecnologia e da cooperação digital.


11 de novembro (Terça-feira)


Tema: ação local e subnacional. O segundo dia reforçou que cidades, comunidades e governos locais são cruciais para transformar compromissos em resultados reais.


  • Lançada a campanha “Beat the Heat Implementation Drive”, em parceria com a UNEP e a Cool Coalition. A meta é proteger 3,5 bilhões de pessoas em 185 cidades do calor extremo, por meio de ações como soluções naturais e construção adaptada.

  • Foi lançado o Plano para Acelerar a Governança Multinível (PAS), por meio da CHAMP (Coalizão para Parcerias Multinível de Alta Ambição), para integrar a implementação climática local às metas nacionais. Brasil e Alemanha foram anunciados como copresidentes dessa iniciativa.

  • No setor de construções, a Buildings Breakthrough Initiative avançou com normas para edificações de baixas emissões e mais resiliência climática.

  • No tema resíduos, a iniciativa No Organic Waste (NOW) foi assumida: compromisso de reduzir 30% das emissões de metano de resíduos orgânicos até 2030; recuperar alimentos excedentes; integrar trabalhadores do setor de resíduos à economia circular.

  • Em relação à água, foi lançado o Programa de Investimento em Água para a América Latina e Caribe, com previsão de US$ 20 bilhões até 2030 para segurança hídrica e resiliência.

  • Também houve uma Declaração Conjunta sobre Água e Ação Climática, na mesa ministerial “Águas da Mudança”, reafirmando a água como pilar central da adaptação global.

  • No encerramento do dia, ocorreu uma plenária ministerial “mutirão”: ministros e prefeitos de mais de 80 países destacaram a importância da governança local para o cumprimento do Acordo de Paris.


Tensão social: surgiram protestos de povos indígenas. Segundo reportagens, na noite do dia 11 dezenas de manifestantes indígenas tentaram invadir a Blue Zone (área reservada para negociadores), gerando confronto com a segurança.


12 de novembro (Quarta-feira)


Tema: saúde, emprego, educação, cultura, justiça, direitos humanos e trabalhadores. Segundo a síntese noturna, a COP30 reforçou que a transição climática deve estar centrada nas pessoas.


  • Foi lançada a Global Initiative on Jobs & Skills for the New Economy, unindo governos, empresas e sociedade civil para promover emprego e capacitação no contexto da economia de baixa emissão.

  • Esse relatório estimou que a transição climática pode gerar centenas de milhões de empregos nos próximos anos, especialmente em atividades de adaptação e economia verde.

  • A adaptação indígena foi destacada: houve evento para dar visibilidade ao conhecimento ancestral, e novos financiamentos foram anunciados para projetos liderados por povos indígenas.

  • Um tema novo entrou fortemente na agenda: integridade da informação. Foi lançado um esforço global para combater desinformação climática e garantir que a narrativa sobre a crise climática seja baseada em evidência.

  • No setor de compras públicas, a UNIDO/IDDI apresentou um plano para usar a contratação pública como motor da transição justa, priorizando materiais de baixo carbono, trabalho justo e cadeias sustentáveis.

  • Cultura e narrativa foram celebradas: painéis de arte, histórias indígenas e diálogos intergeracionais mostraram como contar sobre a crise climática também é uma ferramenta de transformação.

  • A Maloca, plataforma digital interativa da COP30, teve sessões focadas em justiça climática, conhecimento tradicional, comunidades e participação global.


13 de novembro (Quinta-feira)


Tema: esse dia reafirmou que a adaptação climática deve proteger a saúde das pessoas. Foi adotado o Belém Health Action Plan (BHAP), em parceria com a OMS, para fortalecer sistemas de saúde resilientes às mudanças do clima.


  • Instituições filantrópicas comprometeram cerca de US$ 300 milhões para apoiar a implementação do plano de saúde climático por meio da Climate and Health Funders Coalition.

  • Educação também esteve no centro do debate: uma rodada ministerial organizada com a UNESCO reforçou a importância de “verdes” nas escolas e de incorporar a literacia climática nos currículos.

  • No tema direitos humanos, sustentabilidade e justiça social, a COP discutiu a relação entre clima e equidade, com atividades como a “Árvore de Pledge Sumaúma” (um símbolo de compromisso coletivo) e chamadas para sistemas legais que respeitem dignidade e igualdade climática.

  • No plano financeiro, foram discutidas estratégias para mobilizar recursos para adaptação e alerta precoce, por meio de fundos mistos (blended finance) e parcerias entre público e privado.


14 de novembro (Sexta-feira)


Tema: energia, indústria, transporte, comércio, finanças, mercados de carbono e gases não-CO₂, segundo o boletim da manhã da COP30.


  • Sessão ministerial de destaque: reunião alta sobre o Compromisso Belém 4X, para aumentar (quadruplicar) o uso global de combustíveis sustentáveis até 2035.

  • Lançamento da Declaração de Belém sobre Industrialização Verde Global, que propõe acelerar a indústria de baixo carbono e a transferência tecnológica para países em desenvolvimento.

  • Debate sobre a transição de combustíveis fósseis: em mesa de alto nível discutiu-se não apenas o que deve ser feito, mas como avançar para abandonar os fósseis de maneira justa e eficaz.


Aqui ficou claro a importância da redução e mitigação dos Gases de Efeito Estufa. A certificação Carbono Neutro da Gaia é uma solução acessível, que faz o levantamento das emissões de carbono com uma calculado com algorítmos validados, e neutraliza por meio de créditos de carbono as emissões do ano de atividades uma empresa, ou até mesmo de um único evento. Estar na frente, é já buscar esse tipo de iniciativa.



17 de novembro (Segunda-feira)


Final de Semana: Houve a Marcha pelo Clima em 15/11, que reuniu mais de 70 mil pessoas, onde ativistas reivindicaram soluções, que até então não haviam sido propostas na COP30.


Tema: Florestas, oceanos, biodiversidade, povos indígenas, comunidades locais, juventude, PMEs. Alguns destaques:


  • Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF): foi operacionalizado, um marco importante. Trata-se de um mecanismo de financiamento para florestas tropicais, visando valorizar ecossistemas “em pé”.

  • Desafio da Bioeconomia: lançado globalmente, com apoio do governo brasileiro, NatureFinance, BID, FAO, WRI, entre outros. A ideia é desenvolver instrumentos, métricas e mercados para uma bioeconomia sustentável.

  • Coalizão para expansão do JREDD+: nova aliança envolvendo governos, povos indígenas, investidores e sociedade civil para remunerar países ou estados por redução de desmatamento – dando escala à preservação florestal.

  • Centro Global de Gestão de Incêndios: foi criado dentro da FAO para coordenar prevenção de incêndios florestais, conectando proteção ambiental e ação climática

  • Investimento para soluções baseadas na natureza: o “Earth Investment Engine” ultrapassou a meta inicial de US$ 5 bilhões e mobilizou mais de US$ 10 bilhões para projetos climáticos naturais.

  • Compromisso com o metano: o Global Methane Status Report 2025 foi apresentado, mostrando avanços e lacunas. Embora haja progresso, líderes destacaram a necessidade de ampliar medição, relato e financiamento para reduzir emissões até 2030.

  • Liderança jovem e indígena: diálogos com jovens, povos indígenas e comunidades locais reforçaram a centralidade desses atores na ação climática.


Mensagem simbólica: um discurso do Papa Leão XIV (representado) foi citado em comunicação da conferência, lembrando a “responsabilidade comum” para proteger Gaia e os territórios vulneráveis.


18 de novembro (Terça-feira)


Tema: florestas, oceanos, biodiversidade, povos indígenas, comunidades locais, crianças e jovens, PMEs


  • A COP reforça a centralidade dos oceanos no debate climático. A pesquisadora e bióloga Marinez Scherer, enviada especial para o tema, destacou que ecossistemas marinhos saudáveis são vitais para regular a temperatura planetária: os oceanos absorvem cerca de 90% do calor da Terra, e capturam parcela significativa de CO₂.

  • A “Síntese Diária” mostra que foram debatidas estratégias para proteger a biodiversidade marinha, restaurar zonas costeiras e fortalecer a participação das comunidades tradicionais na governança de oceanos e florestas.

  • Também se discutiu fortemente a regularização fundiária e o papel dos povos indígenas na proteção florestal, reforçando que garantir direitos territoriais é uma peça-chave para a ação climática.


19 de novembro (Quarta-feira)


Tema: agricultura, sistemas alimentares e segurança alimentar, pesca, agricultura familiar, mulheres, gênero, afrodescendentes, turismo.


  • Anúncios de novos esforços para transformar os sistemas alimentares, com foco em recuperação de terras, equidade de gênero e fortalecimento comunitário

  • Destaque para a liderança das mulheres: muitas falas e painéis focaram em como mulheres nas zonas rurais enfrentam impactos climáticos e estão desenvolvendo soluções baseadas em evidências para seus territórios

  • No Brasil, foi reforçado o Protocolo Nacional para Mulheres e Meninas em Emergências Climáticas, demonstrando que a integração de gênero é considerada essencial na construção de resiliência.

  • Uma declaração importante: o presidente Lula, junto com a ministra Marina Silva e o presidente da COP30 (André Corrêa do Lago), deu entrevista à imprensa, ressaltando a importância da participação social, da justiça climática e do protagonismo dos povos tradicionais


20 de novembro (Quinta-feira)


Destaque em diversos noticiários, como New York Times, Washington Post, Reuters, BBC, Guardian e Le Monde, para a evacuação da COP30 após fogo na Zona Azul às 14h, no Pavilhão da Itália. As chamas forma controladas em cerca de 6 minutos, o que interrompeu as negociações do dia.


Tema: agricultura, sistemas alimentares, pesca, agricultura familiar, gênero, afrodescendentes, turismo.


  • O dia marcou uma reflexão sobre compromissos já firmados, destacando a necessidade de acelerar a implementação de ações no campo agrícola, especialmente para sistemas de segurança alimentar mais resilientes.

  • Há atenção especial à justiça racial, já que o dia coincide com o Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil. Isso reforça simbolicamente a ligação entre mudanças climáticas, desigualdades históricas e participação de comunidades afrodescendentes nas soluções.

  • No âmbito da pesca e turismo comunitário, debates abordam como as populações costeiras e tradicionais podem se beneficiar de modelos sustentáveis, promovendo resiliência climática e desenvolvimento justo. (agenda da Green Zone mostra eventos relacionados).

  • Também há um esforço para consolidar resultados tangíveis em agricultura familiar, vinculando produção local a mercados sustentáveis e estratégias de adaptação climática.


21 de novembro (Sexta-feira / Encerramento)


Tema: Este é o último dia oficial da COP30 segundo a programação da conferência. Embora os boletins diários para esse dia ainda sejam mais escassos, algumas ações e expectativas são claras:


  • Na programação da Blue Zone, está prevista uma sessão sobre fertilizantes verdes, apontando para a importância de descarbonizar a agricultura por meio de insumos menos poluentes.

  • Também haverá debates sobre direito internacional e emergência climática, refletindo sobre mecanismos jurídicos globais para dar conta da crise climática.

  • Outro tema previsto é a mobilização de financiamento climático: há um painel sobre panorama do financiamento e como novos recursos (públicos, privados, mistos) podem sustentar a transição ecológica e a justiça socioambiental.

  • Na esfera cultural, a programação de encerramento inclui um concerto de Lenine, realizado “em prol do SOS Pantanal”, integrando arte, cultura e agenda ambiental.


Sinais de alerta pelo caminho

Além dos anúncios positivos, a COP30 não está isenta de críticas e riscos, segundo reportagens recentes:


  • Mobilização subnacional: A COP30 aposta pesado na implementação por meio de cidades e comunidades — as iniciativas lançadas nos primeiros dias reforçam que a ação local será vital para cumprir os objetivos climáticos.

  • Justiça social: Saúde, empregos e direitos humanos emergem como temas centrais, indicando que esta conferência não é apenas sobre tecnologia, mas sobre equidade e dignidade.

  • Pressão indígena: Os protestos (como a invasão da Blue Zone por indígenas) mostram uma tensão real entre parte das comunidades tradicionais e a diplomacia climática oficial.

  • Financiamento: Há compromissos ambiciosos (água, saúde, infraestrutura), mas o desafio será transformar promessas em fluxos reais de recursos — especialmente para os mais vulneráveis.

  • Transição energética: O dia 14 sugere que a COP já está preparando o terreno para grandes pactos no setor de energia, com foco tanto em combustíveis limpos quanto na descarbonização industrial.

  • Há uma proposta de roadmap global para abandono de combustíveis fósseis apoiada por mais de 80 países, mas há resistência de nações fortemente dependentes de petróleo e gás.

  • Um incêndio no penúltimo dia (20/11) chegou a evacuar parte do local da conferência, com 13 pessoas sendo tratadas por inalação de fumaça.

  • No tema metano, apesar de progresso, a maioria dos compromissos continua voluntária, e há críticas de que o alcance ainda é insuficiente para uma redução robusta até 2030.

  • Já foram feitas críticas sobre a pegada ecológica da própria COP30, especialmente considerando construções na Amazônia, e preocupações sobre transparência e justiça climática. (essa crítica tem sido levantada por ativistas e observadores).



A COP30 é só o começo…


Entre 17 e 21 de novembro, a COP30 reforça sua cara de conferência de implementação,  saindo de promessas para ações. O lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a aposta na bioeconomia, o engajamento de comunidades indígenas, jovens e mulheres, e o foco nos sistemas alimentares apontam para uma COP que busca concretizar soluções climáticas integradas.


No entanto, os riscos persistem: a tensão sobre combustíveis fósseis, a vulnerabilidade da conferência (como mostrou o incêndio), e a escala ainda voluntária de algumas promessas indicam que, para muitos, os compromissos precisam evoluir para mecanismos mais vinculantes.


Se a COP30 for bem-sucedida, poderá deixar um legado concreto para a Amazônia, e reforçar a visão de que florestas, oceanos e justiça social são parte inseparável da luta contra a mudança climática


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