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O Ciclone Extratropical no Brasil: A tragédia das mudanças climáticas

  • Foto do escritor: Gaia
    Gaia
  • 10 de nov.
  • 5 min de leitura

Entre os dias 7 e 9 de novembro de 2025 um ciclone extratropical se organizou sobre o litoral sul-sudeste do Brasil. O que gerou uma frente fria e trouxe ventos muito fortes, tempestades, chuva intensa, ressaca e, em áreas pontuais, tornados ou microexplosões que causaram destruição localizada. Houve cidades com danos generalizados, centenas de feridos, óbitos e apagões que afetaram centenas de milhares de consumidores.


É difícil afirmar com exatidão, pois os números mudam conforme o levantamento das defesas civis e das agências. Algumas reportagens indicaram 4 mortos e 432 feridos; outras, 6 mortos e mais de 700 feridos em determinadas cidades atingidas; isso é normal nas primeiras 24–72h por causa do processo de contabilização.


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Os maiores estragos do ciclone


  • Paraná: municípios do centro-sul foram fortemente atingidos. Relatos e imagens apontam destruição de grande parte de cidades pequenas (casas destelhadas, infraestrutura comprometida), com dezenas a centenas de feridos e mortes confirmadas em áreas como Rio Bonito do Iguaçu. Rajadas extremas locais chegaram a cifras muito altas (reportadas acima de 200–250 km/h em episódios tornádicos).

  • Rio Grande do Sul e Santa Catarina: quedas de árvores, destelhamentos, mar agitado e interrupções de energia em larga escala. Chegou a haver mais de 200 mil unidades sem eletricidade em parte do RS, segundo relatos locais

  • São Paulo e Centro-Oeste: impactos principalmente por ressaca, chuvas intensas e rajadas de vento; serviços essenciais (como distribuidoras de energia) chegaram a acionar planos de contingência. Corpo de Bombeiros e Defesa Civil registraram dezenas de chamados por quedas de árvores, alagamentos e desabamentos.


Além dos prejuízos humanos diretos (mortos e feridos), o fenômeno causou: corte de energia em larga escala, danos em redes de comunicações, destruição de telhados, queda de árvores sobre vias e residências, interrupção de estradas e prejuízos econômicos locais, por exemplo, comércio, agricultura e logística.


Algumas medidas foram tomadas para mitigar os estragos do ciclone. Avisos do INMET e defesa civil foram emitidos antes do evento, com alertas de ventania e tempestade (alertas laranja/vermelho). Veículos de imprensa e agências reportaram dezenas a centenas de feridos, múltiplas mortes em municípios do Paraná e apagões que afetaram até centenas de milhares de consumidores em algumas áreas. Há relatos de rajadas superiores a 200 km/h em pontos afetados por tornados associados ao sistema.


A formação do ciclone extratropical


Ciclones extratropicais são sistemas de baixa pressão que se formam em latitudes médias quando há forte contraste entre massas de ar (uma massa fria e outra mais quente), normalmente associados a frentes frias. No caso em questão:


  1. Uma frente fria avançou desde altas latitudes do Atlântico Sul em direção à costa do Sul do Brasil.

  2. Em condição favorável de cisalhamento e gradiente térmico (diferença acentuada entre ar frio e ar quente), desenvolveu-se uma área de baixa pressão que intensificou a circulação, ou seja, um ciclone extratropical organizado próximo à costa.

  3. O sistema ganhou força ao interagir com a umidade oceânica e com jatos de nível superior, produzindo rajadas intensas, grandes acumulados de chuva e, localmente, formação de convectividade severa capaz de gerar tornados.


Fontes institucionais e meteorológicas (INMET, Climatempo, Defesa Civil) descrevem exatamente esse mecanismo: associação a frente fria, centro de baixa pressão sobre o mar e risco de ventos e tempestades enquanto o sistema se deslocava para o nordeste ao largo da costa.


Qual a relação com as mudanças climáticas?


O ciclone extratropical no Brasil é um fato inédito, até hoje o país foi atingido por 2 ciclones tropicais e 5 ciclones subtropicais de 2004 a 2016. O aumento da ocorrência se agrava devido o impacto ambiental das atividades humanas e a natureza cobra o preço. Aqui entram dois pontos físicos e bem documentados:


  • Mais vapor d’água disponível: uma atmosfera mais quente consegue reter mais vapor d’água, a relação de Clausius–Clapeyron indica que, em média, a capacidade de vapor d’água aumenta ~7% por cada 1°C de aquecimento. Isso significa que, quando as condições favorecem chuva intensa, há mais “combustível” para precipitações extremas.

  • Mudança na intensidade e nos extremos: o painel científico global (IPCC AR6) conclui que eventos extremos de precipitação e alguns tipos de tempestades tendem a se intensificar com o aquecimento global, há confiança média a alta de que eventos de chuva intensa ficarão mais frequentes ou mais intensos em muitas regiões. Para tempestades de grande escala (incluindo ciclones extratropicais), há evidências de mudanças na intensidade e no comportamento que variam por região. 


Não é que as mudanças climáticas "criem" um ciclone específico, mas tornam mais prováveis e mais intensos muitos dos ingredientes que alimentam esses eventos. Adicionalmente, estudos e observações regionais mostram tendência a aumento da intensidade de episódios extremos no Sul do Brasil e maior variabilidade climática. Fatores que tornam comunidades costeiras e rurais mais vulneráveis quando um ciclone se forma.



A hora de agir é agora!


A resposta precisa ser dupla: socorro imediato + planejamento de longo prazo. O Brasil é um país que não possui o urbanismo necessário para lidar com certas crises ambientais, simplesmente por não serem típicas da região. Algumas recomendações práticas:


  • Fortalecer sistemas de alerta e infraestrutura: linhas elétricas subterrâneas onde viável, poda responsável de árvores urbanas, códigos de construção que considerem ventos extremos.

  • Recuperação com critério ambiental: planos de reconstrução que priorizem eficiência energética, gestão de águas pluviais e desenho urbano resiliente. Iniciativas que podem se enquadrar em programas de selo verde e certificação ambiental para obras e projetos de reconstrução.

  • Investimento em adaptação: sistemas de retenção de chuva, proteção costeira natural, zonas de refúgio para tempestades e estratégias de logística para restabelecimento rápido de energia e comunicações.

  • Transparência e dados: melhorar inventário de perdas, mapas de risco e investigações atmosféricas para entender fenômenos locais (por exemplo, confirmação de tornados e sua intensidade).


Os selos e certificações ajudam a garantir que a reconstrução, reduzindo riscos futuros (menos impermeabilização, melhores corredores de drenagem, reflorestamento de matas ciliares, por exemplo). Projetos de adaptação também podem se beneficiar de instrumentos de certificação ambiental e financiamento ligado a metas de redução de risco climático. 


A compensação de Gases de Efeito Estufa (GEE) emitidos é a forma direta mais eficiente de lutar contra as mudanças climáticas e o aumento da temperatura no planeta. A certificação Carbono Neutro da Gaia Certificadora Ambiental tem a ferramenta de cálculo simplificada com parâmetros internacionais autenticados pela ABNT Ambiental. Por meio dela, é feita aferição das emissões de GEE e as toneladas são neutralizadas por meio de créditos de carbono. Faça sua aferição gratuitamente e neutralize suas emissões com o selo Carbono Neutro:



O chamado de Gaia


O ciclone extratropical que passou pelo Brasil mostrou, mais uma vez, o quanto sistemas de baixa pressão em latitudes médias podem causar danos severos quando encontram condições favoráveis: muita umidade, contraste térmico e instabilidade. As mudanças climáticas não “inventaram” esse ciclone, mas aumentam a chance de episódios mais extremos (chuvas intensas e ventos fortes) e tornam o impacto mais grave onde a infraestrutura e a preparação são fracas. 


Investir em resiliência, em planejamento que combine urbanismo, gestao de Gases de Efeito Estufa e certificação ambiental, e em alertas precisos é urgente, tanto para salvar vidas quanto para proteger os meios de subsistência locais. O chamado de Gaia nunca foi tão emergencial, cada um pode fazer sua parte hoje mesmo e evitar consequências mais severas.


Fontes

IPCC AR6

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