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Retrospectiva Ambiental 2025 no Brasil

  • Foto do escritor: Gaia
    Gaia
  • há 2 dias
  • 6 min de leitura

O ano de 2025 ficará marcado na história ambiental brasileira e global por uma confluência de acontecimentos que revelaram tanto avanços quanto desafios profundos na agenda climática e de conservação. Ao aproximar-se o final do ano, é fundamental olhar de forma crítica para os fatos climáticos, as decisões políticas e os movimentos da sociedade civil que moldaram os últimos 12 meses.


Elegemos os principais eventos que realmente chamaram nossa atenção em 2025, olhando sobre a perspectiva ecológica. Cada um deles terá um papel inevitável nos desdobramentos ambientais de 2026. Este ano nosso país ganhou os holofotes devido a COP 30, mas não foi apenas isso que ganhou destaque no Brasil.


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A emergência climática e eventos extremos no Brasil


O Brasil vivenciou, em 2025, diversos fenômenos climáticos severos que refletiram os impactos das mudanças climáticas já em curso. Um exemplo notório foi a onda de tornados no Sul do país em novembro, incluindo o tornado de intensidade classificada como F4 em Rio Bonito do Iguaçu, que deixou um rastro de destruição física e social no Paraná. Esses eventos destacam a necessidade de políticas públicas robustas de adaptação ao clima, além da mitigação de emissões causadas pelo aquecimento global.


Além dos tornados, outras ocorrências meteorológicas extremas em 2025, como tempestades de granizo de grande intensidade no Rio Grande do Sul, reforçam a urgência em incorporar o risco climático na formulação de políticas e na gestão do território.


Outro fenômeno que ganhou destaque em 2025 foi a maior frequência e intensidade de ciclones tropicais e subtropicais no Atlântico Sul, algo historicamente raro, mas cada vez mais associado ao aquecimento anômalo das águas oceânicas. Esses sistemas, ao se aproximarem da costa brasileira, provocaram chuvas volumosas, ventos intensos, ressacas e impactos significativos em áreas urbanas e costeiras, especialmente no Sul e Sudeste. 


Especialistas alertam que o aumento da temperatura da superfície do mar cria condições mais favoráveis para a formação e o fortalecimento desses ciclones, ampliando riscos para populações vulneráveis, infraestrutura e ecossistemas costeiros. O cenário reforça a urgência de políticas de adaptação climática, planejamento territorial e sistemas de alerta mais eficientes, já que eventos antes considerados exceções tendem a se tornar parte da nova normalidade climática.


Diminuição de emissões e resultados positivos ainda insuficientes


Apesar dos desafios, o Brasil registrou indicadores positivos como uma redução nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), atribuída em grande parte à diminuição do desmatamento ilegal. Relatórios apontam que 2025 pode ter sido o ano com maior queda nas emissões brasileiras em 15 anos, resultado de esforços de fiscalização e políticas voltadas à proteção de florestas tropicais e outros biomas.


Esses resultados demonstram que políticas ambientais ativas e o fortalecimento de órgãos como o Ibama podem gerar impactos concretos. No entanto, a manutenção e ampliação desses avanços dependem de decisões políticas consistentes em 2026.


Para efeito de comparação, o Brasil ocupa hoje uma posição intermediária entre os grandes emissores globais, enquanto os Estados Unidos seguem entre os maiores emissores absolutos e per capita do mundo. A principal diferença está no perfil das emissões e nas escolhas políticas recentes. No Brasil, a maior parcela das emissões ainda está ligada ao uso da terra, desmatamento e agropecuária, o que faz com que políticas de proteção florestal tenham impacto direto e rápido nos números nacionais.


Já nos EUA, as emissões são majoritariamente oriundas do setor energético, industrial e de transportes, fortemente dependentes de combustíveis fósseis. Em 2025, decisões políticas norte-americanas que afrouxaram a fiscalização ambiental e incentivaram a produção em nome da competitividade e da lucratividade contribuíram para uma retomada do crescimento das emissões, contrastando com esforços brasileiros recentes de redução via controle do desmatamento.


Ainda assim, no recorte per capita, o impacto ambiental médio de um cidadão norte-americano permanece significativamente maior do que o de um brasileiro, evidenciando que desenvolvimento econômico sem regulação ambiental rigorosa tende a ampliar desigualdades climáticas globais.


A forma mais rápida de compensar as emissões de Gases de Efeito Estufa é por meio da certificação Carbono Neutro, que faz o levantamento das emissões anuais da empresa ou dos dias de um evento, neutralizando-as por meio de créditos de carbono homologados. Isso apoia o reflorestamento e projetos e plantio ambiental. É simples e fácil, surpreendentemente mais barato do que parece.



O PL da Devastação e os retrocessos legislativos


Um dos capítulos mais controversos de 2025 foi o debate e a aprovação legislativa do chamado “PL da Devastação”, o Projeto de Lei 2.159/2021, que reformulou o licenciamento ambiental no Brasil. O texto, amplamente criticado por ambientalistas, cientistas e organizações sociais, foi aprovado pelo Congresso Nacional com a derrubada de dezenas de vetos presidenciais, resultando na promulgação da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental (Lei 15.190/2025) com regras que muitos especialistas consideram um retrocesso significativo.


O PL alterou normas como a criação e ampliação da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), que permite autodeclaração de cumprimento ambiental por parte do empreendedor sem avaliação prévia detalhada, e a Licença Ambiental Especial (LAE), que simplifica procedimentos para projetos considerados “estratégicos”. Organizações como o Greenpeace Brasil classificaram a aprovação como um passo atrás em relação aos compromissos climáticos e de proteção da biodiversidade, especialmente por ocorrer pouco depois da COP30, sediada no Brasil.


Críticas apontam ainda que as mudanças podem enfraquecer a participação de órgãos técnicos como o ICMBio, reduzir a proteção de unidades de conservação e expandir riscos de desmatamento e degradação em territórios sensíveis.


O debate em torno do PL da Devastação também mobilizou um amplo espectro da sociedade brasileira. Cientistas, instituições acadêmicas e povos tradicionais emitiram manifestos e posicionamentos contrários ao projeto, alertando para os riscos de retrocessos legais que ignoram evidências científicas sobre a urgência de proteção dos biomas e dos direitos humanos associados à defesa ambiental.


Essa mobilização reforça um aprendizado central de 2025: A proteção ambiental sustentável depende não apenas de políticas públicas isoladas, mas também do engajamento contínuo de diversos setores da sociedade. A adoção das certificações ambientais entram não apenas como estratégia corporativa, mas como papel de conscientizadoras.


O legado da COP30 e o que esperar de 2026


A COP30, realizada em Belém, foi um dos pontos altos na agenda climática mundial em 2025, reunindo governos, empresas e sociedade civil para discutir metas e ações ambiciosas contra as mudanças climáticas. Esse evento marcou o compromisso internacional com a redução de emissões e com estratégias de adaptação, mas também evidenciou tensões internas entre legislações aprovadas no país e os compromissos globais assumidos.


Outro aspecto marcante da COP30 foi o protagonismo das comunidades indígenas, que ocuparam um papel central tanto nos debates oficiais quanto nas mobilizações paralelas ao evento. Lideranças indígenas trouxeram à tona a relação direta entre proteção territorial, preservação da biodiversidade e estabilidade climática, reforçando que não há solução climática sem a garantia dos direitos dos povos originários. 


A Marcha pelo Planeta, realizada durante a conferência, reuniu milhares de pessoas, indígenas, ambientalistas e movimentos sociais, em um ato simbólico e político que denunciou contradições entre os discursos oficiais e a realidade no território. Esse contraste foi agravado por episódios críticos, como incêndios registrados em áreas próximas a Belém durante a realização da COP, evidenciando a fragilidade do controle ambiental mesmo em um momento de visibilidade internacional. 


Além disso, falhas de organização logística, infraestrutura precária e dificuldades de acesso para delegações da sociedade civil foram amplamente criticadas, levantando questionamentos sobre a capacidade do país de alinhar liderança climática global com coerência interna e planejamento eficaz. Entre as definições do evento, ao olhar para 2026, a agenda climática e ambiental exigirá uma combinação de:


  • Implementação de políticas públicas eficazes que revertam os impactos negativos de retrocessos legislativos;

  • Fortalecimento do licenciamento ambiental e de órgãos de fiscalização;

  • Engajamento social contínuo para monitorar e influenciar decisões públicas;

  • Adoção de soluções baseadas em ciência e justiça climática para reduzir vulnerabilidades regionais e sociais.



Lições para o próximo ano


Devemos aprender com cada passo, e 2025 deixou lições profundas: as mudanças climáticas não são uma ameaça distante, mas uma realidade que já se manifesta em extremos climáticos e impactos sociais. A redução de emissões e a conservação podem gerar resultados tangíveis. E decisões legislativas podem tanto acelerar quanto comprometer metas ambientais. 


À medida que 2026 se aproxima, o Brasil e o mundo enfrentam a necessidade premente de transformar debates em ações concretas que equilibrem desenvolvimento econômico, justiça social e proteção do meio ambiente. Os selos verdes das certificações ambientais são um lembrete para mantermos essas conversas acontecendo e a esperança viva, de um amanhã mais verde para todos.


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